domingo, 5 de agosto de 2012

Escutas flagram plano de presos para explodir albergue prisional no RS


Primeira tentativa dos presos, em 10 de junho, queimou apenas uma cela.
Polícia descobriu plano quando investigava quadrilha ligada ao tráfico.
Escutas obtidas em investigação de uma quadrilha de tráfico de drogas levaram a polícia a descobrir que detentos planejavam explodir o albergue da Penitenciária Industrial de Caxias do Sul (PICS), na Serra do Rio Grande do Sul. No dia 10 de junho, uma cela foi atingida por  incêndio. O fogo não foi acidente, como mostrou uma reportagem do Teledomingo, da RBS TV. Dias depois, em ação na madrugada, 50 presos do semiaberto foram transferidos.
"Os bombeiros passaram por mim a milhão. A colina está pura fumaça (risos)", diz uma das escutas. Segundo a promotora Sílvia Regina Becker Pinto, a intenção dos presos era explodir o prédio. Com isso, não precisariam ficar recolhidos à noite. O planejamento foi descoberto e registrado por acaso. "Durante as investigações de uma quadrilha de tráfico, deparamos com um plano para explodir o albergue e forçar a Justiça a determinar que todos fossem recolhidos em prisão domiciliar", conta a promotora.
As escutas revelam um atentado organizado nos mínimos detalhes. "Mandamos vir seis litros de gasosa lá para dentro na madrugada e botamos um em cada cela", disse um preso no dia 10 de junho, às 18h42, sobre o incêndio registrado naquela data. "Daí pareceu que hoje de manhã jogaram uns tocos de cigarro lá nos cantos da pensão", mostra outro techo. "Chegou a explodir parede... Daí deixamos, tacamos fogo e o bagulho fluiu".
Incêndio atingiu o presídio no dia 10 de junho em Caxias do Sul (Foto: Divulgação/CRPO)
O plano, no entanto, não foi perfeito. No atentado do dia 10 de junho, apenas uma cela pegou fogo. "Era pra ter ido um por cela. Queimaram com nós (sic), cara. Mandamos queimar a um e a dois e não queimaram. O cara mentiu apra mim. Queimaram legal, só que nós vamos pegar, sabe, eu sei quem foi. Eu e mais uma meia dúzia sabemos quem é", disse um preso sobre a tentativa frustrada. Uma nova tentativa foi marcada para o dia 17 do mesmo mês. Desta vez, como garantia, os presos que não participaram do plano original foram ameaçados de morte. Em outra das escutas, dois presos combinam a execução de um detento que era contra o plano.
Um apenado foi esfaqueado dentro do albergue. Outro preso foi transferido para não ser morto. Sem saber que eram monitorados pelo Ministério Público e pela Agência Regional de Inteligência, presos seguiram tramando o plano para ficar fora da cadeia. "Tu és um dos últimos a sair. É só acender um colchão bem aceso, cortar a mangueira do botijão de gás e soltar a válvula e deixar queimando", determina um dos presos.
Presos foram transferidos após descoberta do
plano (Foto: Divulgação/CRPO Serra/BM)
A estratégia não deu certo nem o novo incêndio programado pelos detentos para o dia 17 de junho. "Manejamos medidas com a Justiça e a Susepe e procedemos com a transferência dos presos", relata a promotora, sobre a ação que transferiu 50 presos do semiaberto na madrugada do dia 15 de junho.
Cinco detentos foram indiciados pelo incêndio no albergue de Caxias do Sul. Eles também estão indiciados por formação de quadrilha e tráfico de drogas. Todos estão com prisão preventiva decretada. 

Fonte: G1

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