domingo, 28 de outubro de 2012

Corpos de bebês são trocados em maternidade em Sergipe


Corpo de um dos bebês está no Instituto Médico Legal em Aracaju (Foto: Fredson Navarro/G1 SE)
Duas mães tiveram os corpos dos bebês que nasceram mortos no dia 17 de outubro trocados na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes em Aracaju. A confirmação só ocorreu no sábado (27) após um dos pais reconhecer a troca e pedir providência a maternidade.


Maria Rejane Alves de Oliveira, 24 anos, que mora no município de Japaratuba, estava no sexto mês de gestação quando passou mal e foi levada a um hospital de Capela e em seguida a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes foi onde receber a notícia que seu bebê estava morto. O parto foi feito de forma normal e ela permaneceu internada até o sábado (20).
 
O esposo dela Edvaldo da Graça chegou a ver o bebê e fotografá-lo, mas quando retornou para busca-lo para fazer o sepultamento foi surpreendido com o desaparecimento do corpo. “Eu tirei fotos do meu filho já morto e revelei para guardar de lembrança e quando fui pegar ele para enterrar ele não estava mais no necrotério do hospital. O funcionário procurou e até quis me convencer que um dos bebês de lá era meu, mas tenho certeza que não era”, afirma Edvaldo.
 
O pai da criança entrou em contato com a direção da maternidade e pediu providencias e de imediato um processo administrativo para apurar do caso foi aberto. “Solicitamos toda a documentação de entrada e saída de corpos desde a data do óbito do bebê para apurarmos caso a caso para identificar o mais rápido possível o que aconteceu, se houve erro do servidor do necrotério ou de outra família que teria reconhecido o feto errado. Tudo precisa ser considerado em uma avaliação como esta”, afirma o procurador da FHS, Carlos Diego de Freitas.
 
Existe um protocolo para a retirada de um feto do necrotério, mas ele é falho, pois os pais não são obrigados a ver o corpo da criança. Assim que o bebê morre, os pais recebem a Declaração de Óbito para providenciar a Certidão no cartório da própria maternidade.
 
Na sexta-feira (26) o caso começou a ser desvendado quando Rosilene dos Santos, de 31 anos, moradora do município de Amparo de São Francisco, que também estava grávida e esteve na maternidade no mesmo dia que Maria Rejane recebeu a visita de peritos e técnicos do IML em sua casa.
 
Rosilene estava grávida de gêmeos, um dos bebês nasceu morto e o outro morreu após alguns minutos de vida. “Um estava com mal formação do feto e o outro nasceu normal, meu marido não quis ver o que nasceu com mal formação, mas viu o que nasceu vivo e providenciou o sepultamento após dois dias”, explica.
 
Ancelmo Júnior, o pai dos bebês, explica que tudo ocorreu de forma tranquila. “Fui no necrotério com os documentos necessários e fui até uma funerária contratar os serviços. Funcionários da funerárias foram até a maternidade, preparou os dois corpos no mesmo caixão e levaram para Japaratuba onde fizemos o sepultamento”, conta.
 
Após uma semana, o casal Ancelmo e Rosilene foram surpreendidos com a chegada de peritos que logo informaram que um dos corpos poderia ser de outro casal. “Desenterramos o caixão e os peritos examinaram e logo perceberam que um corpo não era nosso filho, eles levaram no dia seguinte e trazeram o outro que foi sepultado no mesmo local. Nossa família já estava muito abalada com as mortes e agora ficou ainda mais, foi tudo muito delicado e desnecessário, faltou mais profissionalismo na maternidade”, lamenta.
 
O casal Edvaldo da Graça e Maria Rejane que aguardava a localização do bebê recebeu um telefonema no sábado (27) da maternidade informando que o corpo foi encontrado e que está no IML. “A dor é grande, mas agora estamos mais conformados. Na terça vamos em Aracaju retirar o corpo para fazer o sepultamento em nossa cidade”, adiantou a mãe.
 
A assessoria de imprensa da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes não foi encontrada para comentar o caso.

Fonte: G1 SE 

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