Padre também era
padrinho da vítima (Foto: Reprodução)
Não é só no Vaticano que a Igreja Católica vive às voltas
com denúncias de escândalos sexuais. Em Niterói, a Polícia Civil vai indiciar
um padre por estupro de vulnerável. Ele teria abusado de uma menina, hoje com
10 anos, quando ela ainda tinha 7 anos. Mas não foi só: de acordo com
depoimentos prestados na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Niterói,
Emilson Soares Corrêa também manteve relações sexuais com outra menor, sua
afilhada e irmã da outra vítima, desde quando ela tinha 13 anos.
Emilson, de 56 anos, era o responsável pela
paróquia da Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, no bairro do
Cubango. Uma das vítimas era coroinha da igreja e foi batizada, aos 13 anos,
pelo padre, que também foi o padrinho de batismo. A partir do batizado, "O
padre passou a aliciá-la e tocá-la em suas partes íntimas em troca de presentes
como sorvetes, chocolates e passeios", conforme relatou a vítima, hoje com
19 anos, à polícia.
A reportagem teve acesso a um vídeo, feito
pela vítima, que mostra Emilson fazendo sexo com uma adolescente em plena casa
paroquial. Segundo a vítima, que armou a situação para denunciar o padre, a
garota teria 15 anos.
A denúncia foi levada à delegacia pelo pai
das meninas. Segundo ele, foi sua ex-mulher que flagrou a filha mais velha
discutindo com o padre. Na ocasião, ela revelou à mãe que se relacionava
sexualmente com o padrinho.
- Quando soube que minha filha mais velha
estava sendo abusada, perguntei à mais nova se havia ocorrido algo com ela. Ela
disse que durante um passeio a um sítio, quando tinha sete anos, o padre tocou
em sua partes íntimas - contou ele.
Envolvimento emocional
Em petição enviada à delegacia, Emilson
confessa ter mantido relações sexuais com a mais velha das duas irmãs, mas só a
partir de quando ela completou 18 anos. Segundo o texto, ele "se sentiu
envolvido emocionalmente" com a menina.
A delegada Marta Dominguez, que abriu o
inquérito, explica que a denúncia só leva em consideração o estupro da irmã
mais nova. Segundo ela, o caso da outra menina não se enquadra no crime: a
vítima já tem mais de 14 anos, e não ficou provado que houve ameaça.
Sacerdote é suspenso pela Arquidiocese
Diante da denúncia, a Arquidiocese de Niterói
informa que decidiu pela "suspensão temporária do sacerdote".
Atualmente, o padre não é responsável por nenhuma paróquia. O órgão também
alegou, em nota, que a acusação está sendo investigada e que "o próprio
sacerdote levou a denúncia ao conhecimento do Ministério Público, para que
apure a veracidade ou não da mesma".
A delegada Marta Dominguez disse que só
aguarda um depoimento do pai das vítimas para encerrar o inquérito. O padre foi
procurado em quatro números de telefone - inclusive aqueles citados em seu
depoimento - mas não foi encontrado.
‘Pode haver estupro, mesmo sem sexo’, diz
delegada Marta Dominguez
Qual denúncia será oferecida ao Ministério
Público?
Ainda falta fechar o inquérito. Quero ouvir o
pai das vítimas mais uma vez. Mas, em relação à irmã mais nova, houve estupro
de vulnerável. No caso da mais velha, não é possível enquadrá-lo no crime.
Por quê?
Não há nenhuma prova que o padre tenha
ameaçado ou violentado ela. Sem contar que ela afirma, em depoimento, ter
filmado o padre fazendo sexo com ela quando já tinha mais de 18 anos.
O padre compareceu à delegacia para depôr?
Ele não depôs, mas no dia 12 de dezembro
enviou uma petição confessando que havia feito sexo com a irmã mais velha, mas
só quando ela já era maior, depois de 2012.
Ele pode ter feito sexo com a irmã mais nova?
Ela fez exame de corpo de delito e, no
resultado, comprovou-se que ela ainda é virgem. Mas o relato da menina, em que
ela afirma que o padre tocou em suas partes íntimas, já basta para a
concretização do crime.
O flagrante
O pai das vítimas, em depoimento, diz que
armou com a filha o flagrante do padre: ele afirma que "determinou que sua
filha mantivesse relação sexual com o acusado e filmasse com o telefone
celular".
A filmagem
No vídeo, filmado pela vítima, já com 19
anos, uma menina faz sexo com o padre na casa paroquial, nos fundos da igreja.
Ao fundo, é possível ver uma reprodução da Santa Ceia. Segundo o denunciante, a
menina que aparece no vídeo teria 15 anos.
A confissão
O pai das duas vítimas afirmou, em
depoimento, que, no dia 22 de novembro do ano passado, chamou o padre em sua
casa e, exigindo explicações, mostrou o vídeo. Ele relata que, na ocasião, o
padre pediu perdão.
Na Arquidiocese
Em seu depoimento à polícia, o pai das
vítimas também conta que levou o vídeo ao arcebispo de Niterói, Dom José
Francisco Rezende Dias para que fossem tomadas providências em relação ao caso.
Segundo o relato, o arcebispo estava acompanhado de dois advogados na ocasião.
No final do diálogo, na saída da Arquidiocese, o pai afirma que "percebeu
que estava sendo seguido por dois homens que se encontravam no local".
No Vaticano
Segundo o jornal italiano "La
Repubblica", o Papa Bento XVI, que já anunciou sua renúncia para o mês de
março, teria decido deixar a Igreja depois de receber um dossiê de mais de 300
páginas com detalhes de práticas de corrupção, promiscuidade e o mapeamento de
uma rede de prostituição homossexual dentro do Vaticano.
VatiLeaks
Em janeiro de 2012, partes do documento já
haviam sido roubados no episódio conhecido como VatiLeaks. A expressão é uma
comparação com o fenômeno Wikileaks.
Fonte: Extra
Fonte: Extra
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