terça-feira, 30 de julho de 2013

Atrasa entrega de milho a municípios do sul do Ceará

Após quase quatro meses do anúncio da doação de 49,1 mil toneladas de milho ao Estado pelo Governo Federal, alguns agricultores e agropecuaristas ainda enfrentam dificuldades para ter acesso aos grãos. A carga de 30 mil toneladas chegou ao porto do Pecém no dia 9 de junho, mas há produtores que já pagaram pelas sacas e ainda não as receberam.

Um exemplo é o advogado e produtor rural Lúcio Paiva, que afirma ter pagado 100 sacas de milho há mais de um mês e ainda não recebeu o produto. “Eles não dizem o motivo do atraso, nem dão previsão de entrega”, relata. A propriedade de Paiva fica na região do Maciço de Baturité, no sertão central. “O rebanho está altamente fragilizado porque vem de uma seca violenta. O milho é um energético essencial”.

De acordo com Walmir Severo, diretor técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematece), a venda foi iniciada antes da distribuição estadual devido à falta de armazéns no Estado. “O agricultor familiar não tem condição de se deslocar por grandes distâncias e levar o milho”, explica. Os grãos ficaram estocados no porto do Pecém e em armazéns de alguns municípios, de onde passaram a ser distribuídos por caminhões para cidades vizinhas.

O diretor afirma que a distribuição começou no dia 24 de junho e está sendo realizada por meios rodoviários e ferroviários. A maior dificuldade, segundo ele, é o transporte para municípios cortados pela linha sul da Transnordestina, que liga Fortaleza à região do Cariri. Severo afirma que a ferrovia está há muito tempo sem operar e não tem condições adequadas para o uso.

“Os trens que passam por ela têm um número pequeno de vagões e trafegam a uma velocidade muito baixa, atrasando a entrega”, explica. O diretor afirma que, nesse ritmo, a entrega do milho para a região abastecida pela linha só deverá ser concluída em setembro. Para os demais municípios, ele garante a entrega até o final de agosto.

Chuvas

Segundo o secretário do Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA), Nelson Martins, as chuvas de maio, junho e julho devem amenizar a demanda do milho por ora, enquanto medidas são tomadas para regularizar a situação. Martins afirma que o governo solicitou à empresa que tome medidas para garantir a entrega do cereal. “Eles (a empresa) nos garantiram que, antes de desativar, devem terminar a distribuição do milho no Ceará”.

Walmir Severo afirma que foi elaborada uma proposta para alternar o transporte do cereal para a região entre rodoviário e ferroviário. “Mesmo que eles desativem a linha, nós adotaríamos outro mecanismo para realizar futuras distribuições”.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Flávio Saboya, lamenta o atraso. “Já formalizamos esse problema na secretaria, mas a burocracia é grande”, diz. “A situação não está mais complexa porque choveu atipicamente, o que propiciou o crescimento de uma pastagem e diminuiu a pressão pelo milho”.

Nelson Martins afirmou ainda que a secretaria planeja solicitar outra remessa de 30 mil toneladas de milho ao Governo Federal. Contata, a Transnordestina, através da assessoria de imprensa, afirmou que não iria se pronunciar sobre o assunto.

Fonte: O Povo 

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