terça-feira, 28 de agosto de 2012

Perita em armas, Elize Matsunaga pretendia trabalhar como leiloeira de bebidas


Na relação dos leiloeiros oficiais matriculados na Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo), um nome chama atenção em meio aos 432 da lista. É o de Elize Araújo Kitano Matsunaga, a bacharel em direito e ex-garota de programa que confessou ter assassinado e esquartejado o marido, o executivo da Yoki, Marcos Matsunaga. O crime aconteceu em maio passado.

Empossada no dia 7 de fevereiro deste ano, Elize pretendia atuar no ramo de bebidas, segundo pessoas ligadas à atividade. Ela teve o requerimento de nomeação deferido em 22 de novembro de 2011, depois de comprovar idoneidade, apresentando certidões negativas da Justiça Federal e comum. Esta é uma das exigências para exercer a profissão, que é regulamentada por lei e não tem como requisito a realização de curso de formação.

O resultado foi publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo no dia 3 de janeiro de 2012. Antes de assinar o termo de compromisso, ela teve que fazer um depósito caução no valor era de R$ 15 mil. 

Presidente do Sindicato dos Leiloeiros do Estado de São Paulo, Eduardo Jordão Boyadjian afirmou que Elize não era sindicalizada e não chegou a realizar leilão, apesar de estar matriculada na Jucesp.

— A execução de um leilão leva tempo. Tem que preparar, divulgar. Não se faz da noite para o dia. Acredito ainda que não tenha dado tempo de ela fazer os registros necessários junto à prefeitura.

Boyadjian contou que descobriu por acaso que Elize figurava na relação de leiloeiros oficiais de São Paulo. Nitidamente incomodado com o assunto, ele revelou preocupação com a imagem da categoria. 

— Dos matriculados, menos de 30% trabalham. Como é uma profissão muito qualificada, estes novos profissionais, que não têm nada a ver com a classe, como ela [Elize], têm muita dificuldade de começar a trabalhar. Quem contrata quer saber o histórico, para quem você trabalhou, quantos anos você tem de mercado. É uma coisa muito profissional.

Multifacetada

A versão leiloeira é apenas uma das várias facetas de Elize, que conheceu o marido Marcos graças a um site de divulgação de garotas de programa de luxo, atividade que exerceu. Ela ainda fez curso técnico em enfermagem e, depois de casada, formou-se bacharel em direito.

Por influência do marido e empresário, desenvolveu o gosto pela caça e por armamentos. O casal tinha uma coleção legalizada com mais de 30 armas. O arsenal ficava guardado no apartamento onde os dois moravam com a filha de 1 ano, na Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista. Ele foi apreendido pela polícia, e, atualmente, está à disposição da Justiça.

Também com Marcos, Elize fez curso de tiro e era considerada uma excelente atiradora. Antes de ser esquartejado ainda vivo, segundo o laudo da necropsia, o empresário levou um tiro na cabeça. A arma usada no crime, uma pistola calibre 380, era um presente de Marcos para a mulher.

“Separação entre emoção e razão”

Elize é descrita pela psicóloga que a atendia como uma “pessoa contida e com distanciamento emocional”. A declaração foi feita pela profissional em depoimento à polícia, no dia 15 de junho, quando a paciente já estava presa. Procurada em março pelo casal Matsunaga, que enfrentava uma crise conjugal, a terapeuta contou que identificou na personalidade de Elize “indícios de psicopatia, uma perversão e uma fantasia persecutória.”


Avaliação semelhante foi feita pelo psiquiatra forense Guido Palomba, que acompanha o caso pela imprensa. Palomba detectou uma frieza incomum em Elize e também enxergou traços de psicopatia, embora ressalte a necessidade de se fazer um exame pessoal antes do diagnóstico. 

— São pessoas que estão preocupadas só com as coisas delas, que estão voltadas para si mesmas. Elize parace ficar nesta zona fronteiriça entre a normalidade e a loucura. É aquilo que se chama de psicopata, que eu gosto de chamar de condutopata.

Fonte: R7 

0 comentários:

Postar um comentário