segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Cobrador é assaltado 17 vezes em menos de um ano de trabalho no DF


Com medo da violência, motoristas não fazem os percursos completos das linhas (Foto: Reprodução/TV Record Brasília)
Em menos de um ano de trabalho, um cobrador, que pediu para não ser identificado, foi assaltado 17 vezes. O coletivo faz linha em Planaltina, região administrativa do DF, e na última ação ele (cobrador) foi espancado pelos criminosos.

— Levei socos no rosto e não sei se quero continuar trabalhando. É contar com a sorte, sair de casa para trabalhar e torcer para chegar vivo em casa.

Histórias como essas são frequentes entre os rodoviários da cidade. Na maioria das vezes, os bandidos entram à procura de dinheiro no caixa, mas quando percebem que o ônibus está cheio não poupam ninguém e fazem um verdadeiro arrastão contra os passageiros.

O cobrador Divino Cardoso relata que viveu minutos de pânico nos últimos dias, durante um assalto. Ele contou que conseguiu se defender, mesmo com o ônibus em movimento.

— Vou carregar a cicatriz na mão pro resto da minha vida. Levei facadas dos caras que estavam drogados. Eles chegaram com violência e tentaram acertar meu peito, se não tivesse me defendido com a mão teria morrido.

Os passageiros também têm histórias para contar. Para Leonardo Silva, ser assaltado virou rotina.

— Quase todos os dias acontece alguma coisa. É ruim, porque não posso andar com nada. Deixo celular, carteira, tudo em casa. O ideal é andar só com o dinheiro da passagem e, no máximo, documentos.
As marcas das ações criminosas estão por toda parte. Alguns ônibus estão na garagem com marcas de tiros e vidros quebrados. Em um deles, a bala chegou a atravessar a lataria e, por pouco, não acertou o passageiro que estava sentado.

Para o motorista Rafael Gomes, os criminosos estão agindo de forma premeditada. Eles jogam pedras nos vidros dos ônibus e quando os condutores param o veículo para analisar o que aconteceu, são abordados e assaltados.

— É muito difícil, os bandidos não têm dó de ninguém. Roubam tudo e é por isso que, a partir das 18h, ninguém quer trabalhar mais.

O presidente do Sindicato dos Rodoviários do Distrito Federal, José Carlos da Fonseca, explica que pelo menos 60 ônibus foram assaltados nos últimos 90 dias. No mês de agosto, o número aumentou muito, mas não foi computado porque muitas ocorrências não puderam ser registradas.

— O número de assaltos triplicou, mas não conseguimos registrar nenhum boletim de ocorrência por conta da greve da Polícia Civil.

O medo dos motoristas e cobradores está escrito nos vidros dos ônibus. Eles querem trabalhar com segurança e reclamam que a onda de assaltos está muito grande, por conta da falta de policiamento. Eles estão decididos a parar os trabalhos se a segurança não melhorar.

Um outro motorista, que não quis ser identificado, disse que com medo da criminalidade deixa de fazer o percurso completo da linha.

— Não faço e vou continuar não fazendo, mesmo que isso acarrete em represálias da empresa.

Apesar das reclamações sobre a falta de segurança em Planaltina, o 14º BPM (Batalhão da Polícia Militar), responsável pelo policiamento da área, garante que tem agido. Em nota, eles afiram que em duas semanas conseguiram prender dois criminosos, considerados os mais temidos ladrões de ônibus da cidade.

Fonte: R7 

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