quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Pior safra do CE em 17 anos foi a de 2012


A estiagem do ano passado não trouxe só problemas relacionados ao abastecimento de energia, de acordo com o apurado pela unidade estadual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Ceará, especificamente, o órgão constatou a pior safra de grãos dos últimos 17 anos, com uma redução de 83,74% em relação à prevista para o Estado em janeiro de 2012. Ao todo, a produção obtida foi de 233.857 toneladas - 82,02% menos que a colheita cearense de 2011, que foi de 1,3 milhão de toneladas.

Os números locais contrastam com os registrados para a safra nacional, a qual bateu recorde e chegou a 162,1 milhões de toneladas, superando em 1,2% o obtido em 2011. "A seca de 1997 foi ruim e esperávamos um resultado bem pior em 1998, mas 2012 superou as piores expectativas que tínhamos e apresentou uma seca inclemente", afirma Regina Feitosa, coordenadora do Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias do IBGE no Ceará (GCEA).

Ela destaca o relatório feito em parceria com a Ematerce e divulgado no último relatório de 2012, o qual estabelece um andamento das chuvas ao longo de todo o ano passado e evidencia as decepções dos agricultores ao não verem as previsões de chuvas se realizarem. Depois de encerrada a colheita cearense, o relatório enviado pelo IBGE contabiliza para os últimos 17 anos, seis anos de seca no Estado contra cinco com produção acima do 1 milhão de toneladas.

Produtos em queda

Considerado o "carro-chefe da safra de grãos", o milho teve a participação - normalmente de 67% - reduzida para 52,39% na safra cearense do ano passado. A justificativa dada pela especialista do IBGE é de que ele é o cereal mais vulnerável à falta de água, "especificamente no período da formação do grãos". O feijão foi outro diretamente afetado pela estiagem. Detentor de 22% da participação na safra, o produto passou para 17,38% na última.
Já para os tubérculos e raízes, a mandioca foi a principal afetada pela seca. Com 468.724 toneladas, o produto apresentou 52,22% menos que o esperado para 2012 e 43,97% menos que o colhido em 2011. "Todos estes são indicadores de o quanto esta seca foi severa no Estado do Ceará", reforça Regina Feitosa.

Frutas menos impactadas

Entre as frutas, dos 18 produtos que compõe a lista cearense, 13 tiveram sua colheita reduzida, segundo o levantamento. O texto do relatório destaca que "mesmo aqueles cultivos que são irrigados tiveram perdas devido ao racionamento de água".

No entanto, o impacto sobre a previsão da safra de frutas não chegou a ser tão grande quanto o visto na de grãos. No total, foram obtidas 1,07 milhão de toneladas, o que representa uma queda de apenas -1,67% ante 2011 e -6,73% em relação à primeira estimativa de 2012, de 1,15 milhão de toneladas.

Melão e arroz na contramão

Diferente da maioria dos grãos, frutas e raízes do levantamento do IBGE, o arroz aumentou de 7% para 21,89% a participação na safra do Estado. Segundo Regina Feitora, isso deveu-se ao cultivo irrigado, que manteve a produção estável e abastecida. Outro que também remou contra a maré da seca foi o melão. Ele saltou de 13% para 20,31% na participação da safra 2012.

Perda total

O relatório evidencia ainda que, em "diversos municípios" cearenses, seis produtos tiveram perda total. Fizeram parte dessa lista quatro hectares de amendoim, 17 hectares de girassol, 280 hectares de feijão de arranca de 1ª safra, 359 hectares de arroz de sequeiro, 37.186 hectares de grão e 1.175 hectares de semente de milho, considerado o carro-chefe da safra local.

Cenário para 2013 ainda indefinido

A previsão oficial da safra 2013 pelo IBGE só deve sair no início de fevereiro, mas, sobre a expectativa dos agricultores cearenses para este ano, a coordenadora do Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias do IBGE no Ceará (GCEA),Regina Feitosa, afirma ainda estar tudo muito incerto. Desde a última viagem que fez pelo interior, ela contou de várias opiniões e a dúvida a respeito da incidência de chuva ao longo do ano.

"O que se fala é plantar menos. A notícia que anda sendo dada pelos jornais, de haver a possibilidade de 2013 também ser um ano de seca, anda assustando. Então, o agricultor está receoso, sem saber se vai plantar agora ou se vai esperar mais alguns meses", diz. A coordenadora do IBGE esteve pelo interior cearense em dezembro colhendo informações sobre a pesquisa Safra e também recebe notícias constantes das regiões produtivas do Estado.

NE puxará produção

No País, o IBGE prevê um aumento de 9,9% para a safra agrícola de 2013 em relação ao ano passado. O crescimento, conforme o órgão, será puxado por um aumento da produção nas regiões Nordeste (32,3%) e Sul (27,9%). Em 2012, as duas regiões registraram perdas por causa de problemas climáticos.

A área a ser colhida em 2013 deve crescer 4,0% na Região Sul e 23,5% no Nordeste. Já a Região Centro-Oeste deve registrar expansão de 4,1% na área, impulsionada pelos preços de grãos como a soja e o milho.

Fonte: Diário do Nordeste 

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