A disputa pela água de um açude para abastecimento colocou em pé de
guerra a população de três municípios do sertão cearense. O conflito envolve os
municípios de Crateús, Novo Oriente e Quiterianópolis, que lutam pela água do
açude Flor do Campo, localizado em Novo Oriente.
Protestos
O anúncio do governo de abertura de comportas, no mês passado, gerou uma
série de protestos da população. Temendo problemas de abastecimento num futuro
próximo, moradores e autoridades se reuniram e montaram o "Comitê pela
Liberação da Água do Açude Flor do Campo Através se Adutora." Uma série de
manifestações está prevista.
Segundo o agrônomo Claudino Sales, a água será liberada do açude pelo
leito do rio Poti. "Desse modo ocorre muita perda por infiltração, e
apenas 30% do que é liberado chegará a Crateús. Queremos a liberação através de
adutora, pois assim não ocorre perdas por infiltração no solo do rio que esta
seco", disse.
Diante da situação, o agrônomo explicou que os moradores estão
mobilizados e vão realizar manifestações na próxima semana e levar o caso ao MP
(Ministério Público Estadual), por meio de um abaixo-assinado. "Vamos
fazer também uma passeata. Populares afirmam que Cogerh só tira a água do açude
dessa forma [sem adutora] à força", informou.
No município de Crateús, há uma grande expectativa pelo desfecho da
novela. "A cidade está num clima muito grande de apreensão, mas confiante
nos gestores do município vizinho e no conhecimento técnico do órgão do Estado
e da Universidade Federal", disse o prefeito Carlos Felipe (PCdoB).
Para Felipe, houve manipulação da informação, que gerou a revolta
"Se trabalhou muito a informação politizada, e a questão emotiva da
população. Veja o problema que a falta de água geraria: somos cidades vizinhas,
e aqui fazemos os partos de Novo Oriente. Como vai fazer sem água? Se fala
tanto em disputa no futuro pela água, e antecipamos essa guerra", disse.
Explicação
Em nota técnica enviada ao UOL nesta quinta-feira (6), a Cogerh explicou
que Crateús sofre com a seca e poderia ser abastecida, emergencialmente, por
três reservatórios, mas dois deles não têm mais condições de abastecimento.
"Diante desta situação, o único reservatório capaz de transferir
água para garantir o abastecimento de Crateús, pelo menos até fevereiro de
2014, seria o Flor do Campo", disse a companhia, citando que "não há
outra alternativa viável como solução emergencial."
Sobre o pedido de construção de uma adutora para levar a água, a Cogerh
explicou que a obra não deverá ser feita. Um estudo do órgão apontou que não
haveria uma economia significativa de água nesse procedimento. Segundo a
companhia, 65% da água deve chegar ao açude Carnaubal, com 35% de perda.
"Um estudo mais apurado mostrou que a diferença de reserva do açude
Flor do Campo no final de 2014, comparando-se a liberação através de adutora e
diretamente pelo leito do rio, não é significativa, desaconselhando o
investimento estimado em cerca de R$ 11 milhões para a construção da
adutora."
"As simulações mostram que a vantagem seria pequena, equivalendo ao
volume de 700 mil m3 em dezembro de 2014, o que representa um ganho de apenas
dois meses de reserva para o abastecimento de Novo Oriente" , informou.
Outro empecilho é tempo que a obra levaria. "Mesmo que a adutora
fosse construída num prazo de 3 meses, o açude Flor do Campo ficaria sujeito,
nesses meses, a uma elevada evaporação, devido a maior superfície de
evaporação."
A companhia disse que, mesmo com a transposição da água, o município de
Novo Oriente deverá ter o abastecimento garantido até dezembro de 2014, mesmo
com a hipótese de seca.
Fonte: UOL
0 comentários:
Postar um comentário